.::VENCENDO PROVAS E TENTAÇÕES::.

I. TENTAÇÃO(Tiago 1.2-16)

          1.       Conceito. Tentação é "ato ou  efeito de tentar; disposição de âni­mo para a prática de coisas diferen­tes ou censuráveis" (Dicionário Au­rélio). Biblicamente, podemos dizer que é o convite ao pecado.

2.O significado na epístola. Em Tiago, tentações têrn o significado de perseguições, lutas e provações pe­las quais o crente pode passar.
    II ORIGEM DA TENTAÇÃO

     A tentação tem três origens ou fontes:

1       Da parte da carne.

a) Tentação humana. A Bíblia nos diz que "não veio sobre vós ten­tação, senão humana" (l Co 10.13).Neste texto, podemos entender que "tentação humana" quer dizer a que é própria da natureza carnal do ho­mem (ver Rm 7.5-8; Gl 5.13,19). Ela tem seu aspecto mal, pernicioso, incitador ao pecado.
b) O significado da carne. A car­ne, é o "centro dos desejos pecami­nosos" (Rm 13.14; Gl 5.16,24). Dela vem o pecado e suas paixões (Rm7.5; Gl 5.17-21). Na carne não habi­ta coisa boa (Rm 7.18). Devemos salientar que o termo carne, aqui, não se refere ao corpo, que não tem nada de mal em si mesmo, mas à nature­za carnal, herdada de nossos pais. Ocorpo do crente é templo do Espíri­to Santo (l Co 6.19,20).

2.   Da parte do mundo. O mun­do, como fonte de tentação, não é o mundo físico, criado por Deus. O Di­cionário da Bíblia, de Davis, diz que"a palavra mundo emprega-se frequentemente para designar os seus habitantes", como em SI 9.8, Is 13.11 e Jo 3.16. O Dicionário Teológico (CPAD), referindo-se ao mundo, diz que "No campo da teologia, porém, é o sistema que se opõe de forma persistente e sistemática ao Reino de Deus". João exorta a que não ame­mos "o mundo, nem o que no mun­do há". "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a so­berba da vida, não é do Pai, mas do mundo" (l Jo 2.15,16). Tudo isso é fonte de tentação.

3. Da parte do Diabo. É a fonte mais cruel da tentação. Seu caráter é sempre destrutivo.

a) Jesus foi tentado. É a fonte mais terrível e avassaladora da ten­tação. Dela, não escapou nem mes­mo nosso Senhor Jesus Cristo. Após o batismo em água, Ele foi conduzi­do "pelo Espírito para ser tentado pelo diabo" (Mt 4.1; Mc 1.13; Lc 4.2), Foi o único que não caiu em pecado (Hb 4.15).  
b) Homens de Deus foram tenta­dos. Homens de Deus, do porte de Abraão, Sansão, Davi, e tantos ou­tros, foram tentados pelo Adversá­rio (Satanás) a fazerem o que não era da vontade de Deus, com sérios pre­juízos para suas vidas.
 c) Os homens comuns são tenta­dos. Os homens são tentados a prati­car toda espécie de males, crimes, vi­olência, estupros, brigas, ciúmes, guer­ras, mentiras, calúnias, roubos, etc. ,
d) Os crentes são tentados. Até os crentes em Jesus são vítimas da ação do maligno, quando causam prejuízos à Igreja do Senhor, com escândalos, calúnias, invejas, divi­sões, rebeliões, busca pelo poder, politicagem religiosa, e tantas outras coisas ruins.
III O PROCESSO DA TENTAÇÃO
A tentação se constitui num pro­cesso, que tem os seguintes passos:

1.    Atração do desejo (v.14a)."Mas cada um é tentado, quando atraído..." Primeiro, vem a atração pelos sentidos: visão (l Jo 2.16); audição (l Co 15.33); olfato; gosto,e tato(Pv6.17).

2. Engodo (isca). A pessoa é atraída, seduzida e "engodada pela própria concupiscência" (v.14b).

3. Concepção do desejo (da concupiscência). Na mente, nos pensamentos ( Mc 7.21-23), o de­sejo é concebido. Só se faz o que se pensa (v. 15a), Nesse ponto, ainda se pode evitar o pecado.
4. O pecado é gerado. "Depois,havendo a concupiscência concebi­do, dá à luz o pecado" (v.15). Ainda na mente, já nasce o pecado. Alguém pode adulterar só na mente (Mt5.27,28).
5. A consumação do pecado(v.15b). "...e o pecado, sendo con­sumado, gera a morte." A morte, aqui, é espiritual. Nesse ponto, só há solução se houver arrependimento,ainda, em vida.
É importante entendermos esse terrível processo, a fim de que nos resguardemos dele. Alguém já disse que ninguém pode impedir que um pássaro voe sobre sua cabeça, mas pode impedi-lo de fazer um ninho nela. Isso ilustra o processo da tenta­ção. Esta, em si, não é pecado. Peca­do é praticar o que a tentação sugere.
IV. DIFERENÇA ENTRE TENTAÇÃO E PROVAÇÃO

A tentação, conforme estudamos, é sempre urna indução ao mal, ao pecado. A provação, no entanto, não tem esse sentido. Quando a Bíblia diz que Deus tentou alguém, deve­mos entender que Deus o provou, e isso tem objetivos muito elevados, conforme descrevemos a seguir. Tiago nos diz que "Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta" (v.13).
Quando a Bíblia diz que alguém foi tentado por Deus, isso pode ser entendido como provação. Abraão só foi considerado o pai de todos os que crêem, porque creu e foi "tentado", ou seja, "provado" por Deus (ver Gn 22.1-18). A prova da fé é essencial para "louvor, honra, e glória na re­velação de Jesus Cristo" (l Pé 1.7).
Tiago exorta os crentes a terem "grande gozo", quando caírem em "várias tentações", sabendo que "a prova da vossa fé produz a paciên­cia" (v.2,3). Ele considera uma bem-aventurança o crente sofrer a tentação, porque, quando for prova­do, receberá a coroa da vida (v. 12).
V. SETE PASSOS PARA A VITÓRIA NA TENTAÇÃO

1. Saber utilizar a Palavra de Deus. Nosso Senhor Jesus Cristo,
quando foi tentado, não deu chance ao Diabo para conversar muito com Ele. A cada insinuação do maligno, ele usava a "espada do Espírito, que é a Palavra de Deus" (Ef 6.17b), di­zendo: "Está  escrito..." (Mt 4.4b, 7a, l0b). Por isso, é preciso ler a Bíblia, para usar a Palavra na hora certa.
2. Através da oração. Jesus nos mandou orar sem cessar para não cairmos em tentação (Lc 22.40; l Ts 5.17). A maioria dos crentes, hoje,não ora. Certo pregador disse: "O Diabo ri da nossa sabedoria, zomba das nossas pregações, mas treme di­ante de nossas orações".
3. Através da vigilância. Jesus enfatizou a importância da vigilân­cia  para não cairmos em tentação (cf.Mt 26.41a).
4. Através da disciplina pesso­al. Falando sobre o "atleta cristão",Paulo diz que "aquele que luta, de tudo se abstém" (l Co 9.25a). Em seguida, afirma: "Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão,para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma manei­ra a ficar reprovado" (l Co 9.27).Muitos caem, por exemplo, na ten­tação do sexo, porque não sabem controlar seus instintos.
5.   Resistindo ao Diabo. O ini­migo sabe qual é o ponto fraco de cada crente. Mas, com determinação e resistência, no Espírito, é possível ser vitorioso ( l Pé 5.8,9; Tg 5.17). José, jovem hebreu, mesmo pagan­do terrível preço, não se deixou ven­cer pelo pecado do adultério. Foi vencedor e exaltado por Deus.
6.Buscando a santificação. É preciso que o crente viva a separa­ção integral para Deus (Hb 12.14; l Pé 1.15).
7.    Ocupando a mente com as coisas espirituais. Isso se consegue através da oração, jejum, estudo da Bíblia e leitura de bons livros; ser­vindo, evangelizando, louvando, par­ticipando da obra do Senhor, santi­ficando a mente, a vida e o corpo ( l Ts 4.3-7).
                                                    CONCLUSÃO
6. A tentação, no seu sentido mais comum, é um processo terrível, da parte do homem, do mundo e do Di­abo, cuja finalidade é destruir a fé, a santidade, a comunhão com Deus, levando o crente a pecar. Para ven­cer, é preciso fazer como Jesus, que usou a "Espada do Espírito" a Pa­lavra. E preciso usar as armas que Deus colocou à disposição de Seus servos. Em Cristo, "somos mais que vencedores" (Rm 8.37).


Comentários

  1. Na Galiléia do tempo de Jesus, os meninos em Israel iniciavam seus estudos da Torah aos 6 anos de idade. Aos 10 anos já tinham a Torah decorada. Terminado esse primeiro estágio na escola primária (Beit Sefer), a maioria dos meninos se dedicava a aprender o ofício da família. Os que se destacavam seguiam estudando na escola secundária (Beit Talmud) e mergulhavam no restante das Escrituras e na tradição oral dos rabinos e suas muitas interpretações e aplicações da Lei de Moisés. Aos 14 e 15 anos, somente os melhores entre os melhores estavam estudando, geralmente aos pés de um rabino famoso e respeitado. Esses pouquíssimos meninos da elite intelectual de Israel eram chamados talmidim (trad. discípulos).

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